terça-feira, 3 de maio de 2011

Virgílio Liquito


Carta dum defunto, a quem lhe fez sumir o Super-Ego 

Faltará o super Ego, interior dos interiores, o esconderijo,
Pode ser o do Kafka, a cova.
Residirá no desconforto das minhas atrevidas palavras,
Nem sempre sentidas, por quem se... esconderá à
superficie, que não há instituição, por muito que óbvias,
que acolha os motivos, sejam os quais, que não sejam.
Partilhadas que penetrem at éà auto-estima, seja qual
For o horizonte.
Não há, de facto, funções reais, sem o hálito do Super-
Ego, local das últimas mas gravadas emoções. Nem que
O boi se mije! Nem que se publique, seja na pedra, ou
nas bolsas gastro/libidinosas.
O super-ego, esse não aparece de cuecas, nem tapa,
Qualquer que seja a moda. É preciso decantá-lo,
Forçando-lhe o vómito
E nada mais óbvio. Porque o super-ego tem outra
Química, dificilmente se drena a si  próprio.
Nunca chegará a “irredutibilidade” do último ser.
Confesso, também, que pouca espuma se nos aparece à
Superficie. Mas engulhos se encontrará, por muito o tal
Ego se venha, que se possa intelectualizar o verdadeiro
Motivo: a partilha da cova, do Super-Ego. 

2 comentários:

  1. Que Edições do autor.




    Publicar sozinho, será sempre pior, que morrer acompanhado. Há que esmiuçar a vertente, porque a vontade ultrapassa as cobiças de quem sente ameaçado, de quem não admite outros pensamentos, os quais, para quem de novo pensa, necessariamente se sente obrigado a “servir” quem já por encomenda publicara.
    Nem servira o afoito, pois se o faz, compra as suas ferramentas e malhará em todas as tumbas, por todas nem que conhecidas. Também nunca lhe será accionado pela natureza, ou pela expulsão da placenta. Cresce, germina-lhe a vontade de expor os seus pensamentos altos, nem que aos ceifeiros criticistas, sempre ávidos contra os novos autores, lhes queiram afanar a língua.
    De facto, todo o Autor cresce sozinho. Mesmo que roce na pedra. Debruça-se sobre o que tem que dizer, e encontrará eco, nem que tarde, no auscultor que gosta de literatura, e se não o tange, já tivera dito.
    Por aqui, levanta-se o sofrimento ao pensar, que pensa, dar vida às palavras, às suas imagens…nem só pela noite graminha: a morfologia , a semântica, a sintaxe, a adjectivação,o estilo, a estrutura num todo, o culminar da obra, ao alcance.
    No entanto, o jogo das ideias já lhe estará ruminando.
    Mas a vontade mantém-se, quase como que cavalgar sobre um dorso, nem que seja de um asno aposentado.
    Então, enquanto lhe chegam, digo do subconsciente as informações do caminho a trilhar, já muito depois do atravessamento dos inúmeros parques literários, será largado ao vento por todos os laços possíveis; talvez a família, a força da amizade adversa, os críticos a cheirarem-lhe a comida, sobre o que se soltará do daquele cérebro; não o impedem de criar.
    Os autores que recorrem sozinhos à assumpção do seu trabalho, pagam tudo, o suor, o esforço mental, a solidão bem desmerecida, o seu próprio pecúlio, desde o pagamento de licença por usufruto dos pictogramas de editores na falência também, que muito ganham com tal aventura.
    E sai a obra. E não faltam os oportunistas que se colam, claro, se a obra for um sucesso, pois, caso contrário, arredam logo pé, como que arrependidos dos apoios vociferados ao novo Autor.
    E os sacrossantos, esses, não param de espreitar. Darão a sua acha com um formato patriarcal, como se aos domingos lessem no púlpito o texto escolhido a urinar aos moucos de fé.
    Por fim, não obstante de tais muralhas arreigadamente estabelecidas, que barram os novos autores, estes, nem que masoquismo os calcine, continuarão a vomitar na praça, após o dealbar duma primavera desastrosa. Mais dinheiro terão que o despachar, para o editor atento, percorrer o sepulcro do descrédito, ouvir o eco do silêncio literário, e, se for a tempo, evitará de ser abalroado por algumas goelas secas, mas farisaicas.

    V.L.


    “Que ideia, como se fosse uma lágrima que cairá no mar morto, o qual lhe chupará o seu oxigénio. “


    Caras amigas Cruz e Rosa, obrigado pela publicação do texto expresso no livro Ex-Creta.
    Abraços/Beijos
    Caras amigas Cruz e Rosa

    ResponderEliminar
  2. De nada caro amigo, foi un pracer. Gostamos moito do texto. Muito obrigadas.
    Rosa e Cruz

    ResponderEliminar